A Transformação Digital no Agronegócio Brasileiro
O desempenho do Agronegócio no país tem sido surpreendente nos últimos anos, o superávit do setor foi maior do que o da própria balança comercial, que registrou US$ 50,9 bilhões em receita líquida, enquanto o agronegócio excedeu a marca de US$ 100 bilhões (CEPEA, 2021).
Além de fatores de mercado, como o aumento da demanda da soja pelos principais países consumidores do mundo, principalmente Estados Unidos e a China, este avanço nos resultados só é possível graças à uso intensivo de tecnologia e transformação, em especial à inovação nas técnicas de cultivo de solo, insumos e sementes melhoradas, georreferenciamento e uso de drones. No final de 2020, por exemplo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, noticiou o aporte de R$ 140 milhões em investimentos em PD&I.
Como todo negócio em transformação, o agronegócio também tem seus desafios. A pandemia impôs restrições à mobilidade de pessoal, dificultando a realização de alguns serviços no campo e ao apoio do setor de logística, responsável pelo transporte de insumos e produtos. Além disso, o setor se viu ameaçado pela forte pressão do mercado mundial, que passou a exigir melhores práticas de preservação ambiental, entre elas o combate ao desmatamento e às queimadas.
A transformação digital no agronegócio brasileiro traz um cenário bastante otimista para o desenvolvimento desta indústria tão importante para o país.
CLAUDIO CARVAJAL
A superação destes desafios passa pelo desenvolvimento de soluções tecnológicas que exigem uma mudança no paradigma que possa digitalizar cada vez mais o setor. A gestão estratégica do agronegócio, assim como outros setores, começa pela sensibilização de suas lideranças para que elas possam trazer as tecnologias emergentes agregando valor para organizações do agronegócio e para sociedade.
Além do investimento direto em tecnologia pelas empresas tradicionais do agronegócio, há também um crescimento de iniciativas de inovação aberta e do ecossistema de startups, ou seja, de criação de novas empresas de tecnologia que trazem inovação para este mercado, as chamadas de AgTechs. Estas startups impulsionam a transformação digital no agronegócio, melhorando a qualidade de vida do trabalhador do campo e os resultados do setor. Observando os investimentos realizados recentemente, é possível observar algumas tecnologias que não são apenas tendências, mas uma realidade neste processo de mudança, tais como:
Inteligência Artificial: O uso da inteligência artificial melhora a eficiência, reduzindo custos. Além da análise de dados, da automação de equipamentos e maquinários, a inteligência artificial tem ganhado espaço no universo do agronegócio diante dos mapeamentos e diagnósticos precisos que geram retornos de investimentos.
IoT e Drones: Dentro do conceito básico de IoT – Internet das Coisas, a integração de tecnologias de sensores e softwares conectados a objetos como drones, por exemplo, permite a coleta de imagens e dados para os mais diversos fins dentro do agronegócio. O IoT alinhado com a Inteligência Artificial melhora a tomada de decisão que passa a ser baseada em análise de dados, e melhora a performance da automação.
Softwares e Aplicativos Mobile: A transformação digital no agronegócio já é uma realidade. A cada ano aumenta o número de soluções digitais que trazem benefícios para a produção, bem como para a cadeia produtiva do agronegócio, atendendo demandas que vão desde o financiamento para empresas até e-commerce e markeplace que integram os participantes deste setor. Essas novas empresas de tecnologia que surgem no agronegócio, as chamadas Agtechs, devem colaborar com seu desenvolvimento, possibilitando harmonizar a necessidade de expansão com os desafios sócio-ambientais.
A transformação digital no agronegócio brasileiro traz um cenário bastante otimista para o desenvolvimento desta indústria tão importante para o país. Tanto os programas governamentais de incentivo à pesquisa, os investimentos de grandes empresas do setor e as iniciativas de inovação aberta serão fundamentais para acelerar este processo e trazer cada vez mais produtividade com responsabilidade socioambiental.
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Claudio Carvajal
Professor e Coordenador Acadêmico na FIAP. Empreendedor na área de negócios digitais, co-founder da Singular NEXT. Palestrante na área de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia. Autor de livros na área de negócios e tecnologia.
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